Hoje apetece-me sair do registo das ninharias e reagir sobre algo bastante mais sério.
Tudo isto depois de ter lido uma opinião publicada por João César das Neves no Diário de Notícias sobre o levantamento da excomunhão por Bento XVI a quatro bispos integristas, um dos quais abertamente negacionista.
João César das Neves escreve o seguinte:
Num mundo que gosta de se anunciar sem preconceitos e repudia a censura, existe um bloqueio drástico sobre o Holocausto. Comentar o horror nazi não pode ser feito fora da versão oficial. São admitidas todas as opiniões, menos essa. O pior é a forma inquisitorial, fanática e abespinhada com que o assunto é enfrentado. Quem nega as câmaras de gás deveria ser tratado com um sorriso pela ignorância e uma gargalhada pela tolice.
Um sorriso para quem nega o horror absoluto que foram as câmaras de gás? Uma gargalhada? Confesso que sou incapaz de esboçar o menor sorriso perante uma parvoíce como esta, quanto mais uma gargalhada...
Os milhões de mortos nas câmaras de gás (e é bom não esquecer que foram maioritariamente judeus, mas não somente judeus: os homosexuais, os ciganos, os deficientes também se contaram entre as vítimas) merecem mais respeito do que o sorriso e a gargalhada que nos propõe o cronista.
E gostava de saber como é que alguém pode defender o valor absoluto da vida humana, a ponto de ser contra a eutanásia ou o aborto, mas propõe um sorriso ou uma gargalhada perante a recusa do Holocausto. Ou será por coerência com a indiferença da Igreja na altura?
Mais uma reflexão: não deixa de ser curioso que o bispo britânico recuse reconhecer o Holocausto "por falta de provas", mas aceite sem pestanejar a ressureição de Cristo, a Imaculada Concepção de Maria, etc.
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