terça-feira, 31 de março de 2009

A vida é bela (às vezes)

Depois de uma semana de relativo descanso (apenas uma sessão de bicicleta e uma corrida a ritmo de tartaruga ;-)), está na altura de retomar os treinos em vista da próxima Maratona.

Ao prazer de voltar às corridas, há a acrescentar o prazer adicional de o fazer, pela primeira vez desde há longos meses, em calções e mangas curtas. A Primavera chegou finalmente a Bruxelas com temperaturas durante o dia à volta de 15-16° (as noites estão ainda frias, a rondar os 0°).

Vai fazer bem ao corpo e ao espírito!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Roma e Pavia não se fizeram num dia

Graças aos comentários do meu amigo Miguel, que tinha lido os meus dois posts sobre a Maratona de Roma, apercebi-me de que dei demasiada importância ao que se passou a apartir dos 35 km. Ou seja, deixei, sem querer, a impressão de que esta prova tinha sido um martírio ou, no mínimo, uma decepção.

Ora, isso não é verdade. Esta foi uma das Maratonas em que mais gostei de participar. Gostei do ambiente, da cidade (obviamente), da organização. Gostei também de correr os primeiros 21,1km em 1h30. Embora tenha pago a factura no final, não posso deixar de dizer que isso me deu uma verdadeira satisfação.

Em suma, na minha memória, ficou mais o prazer de a ter feito do que o sofrimento ou a decepção. Espero que agora fique claro!

Sem estes acidentes de percurso, sem estas quebras físicas e emocionais,  a Maratona não tinha nem metado do interesse.

A próxima é já a 10 de Maio. Desta vez, fica a promessa de partir a velocidade moderada e de tentar fazer um "positive split".

Como bem sabem, "as promessas só obrigam aqueles que nelas acreditam".

Bons treinos!

P.S. Este texto foi enviado a partir do e-mail. Só hoje é que descobri esta função…

terça-feira, 24 de março de 2009

Roma

Depois de uma semana complicada em termos de trabalho, apanhámos o avião para Roma às 20h35, o que significou uma chegada ao hotel já depois da meia-noite. Escusado será dizer que toda a gente estava cansada, essencialmente o pobre do Hugo, que se deita habitualmente por volta das 20h30. E que, claro está, acorda ao fim-de-semana à mesma hora que nos dias de semana. Com uma diferença: nos dias de semana, tenho de o chamar, ao fim-de-semana, acorda sozinho!
Não houve, portanto, hipótese de preguiçar na cama, sobretudo quando se partilha o mesmo quarto de hotel.

Depois de um bom pequeno almoço, a família foi passear para a cidade e eu fui ao Centro de Congressos levantar o dorsal e outro material, nomeadamente a famosa mochila. As indicações eram bastante completas, pelo que não foi difícil chegar à estação de metro indicada. Aí tive a boa surpresa de ver alguém da organização que explicava o caminho a fazer para chegar sem problemas ao Centro de Congressos.

Como nem tudo pode ser perfeito, à porta do Centro de Congressos esperava-me uma bicha consequente...



Vinte minutos depois estava lá dentro e tudo decorreu de forma célére. Uma visita rápida à exposição e regressei à cidade para ainda almoçar um bom prato de massa com a família. Depois visita do Coliseu, como não podia deixar de ser.


Afinal de contas, o Coliseu seria o ponto de partida e de chegada da Maratona. E o Hugo queria ver o sítio em que o Asterix e o Obelix tinham combatido as feras sob o olhar de Júlio César...

No domingo, levantar às 6h30 para ume preparação sem stress. Ao deixar o hotel, encontrei um americano que manifestamente ia com o mesmo destino (em Roma é fácil identificar os maratonistas, andam todos com a mesma mochila...). Partilhámos o táxi e as nossas impressões sobre as diferentes maratonas em que tínhamos participado. Fica mais uma vez confirmada a intenção de ir à de Nova Iorque. Para 2010 ou 2011, sem falta!



Aliás, a famosa mochila e a possibilidade de a deixar nos camiões previstos para o efeito são um dos aspectos louváveis desta organização. Nota alta para a organização da prova, que me impressionou bastante pela positiva.

Depois do aquecimento, a espera para a partida. O tempo estava bom, um pouco frio para o meu gosto (13°C), mas dado que optei por mangas compridas, nada a dizer.

Não deixa de ser um triste espectáculo ver centenas de atletas a fazerem as suas necessidades contra um muro milenar. Um pouco mais de respeito por um sítio arqueológico como aquele não era pedir demasiado... Até porque a organização tinha instalado WCs a algumas dezenas de metros da partida. Estas cenas de falta de civismo são sempre confrangedoras, mas naquele local, são inaceitáveis.

Ás 9h a elite arranca para a sua prova, enquanto a massa espera mais cinco minutos.

Como estava na frente, escapei ao encontrão habitual dos primeiros quilómetros. Quanto ao resto, os que seguem este blog já sabem que resolvi colar-me ao balão das 3h00, que o segui até por volta do km 15, tendo então reduzido gradualmente o ritmo. A intenção era aguentar o resto da prova a um ritmo de 13,3 km/h ou ligeiramente inferior, para poder chegar dentro do objectivo de 3h10m.

Ao km 30, com 2h15m, ainda ia dentro do limite, mas o corpo já começava a dar sinais de cansaço. Por volta do km 35, fui obrigado a parar com uma pontada. Arranquei ao ritmo possível e fui novamente obrigado a parar por volta do km 40. O resto foi demasiado penoso para contar.

Não cheguei nunca a considerar a hipótese de desistir. Era mais "vais até ao fim, nem que seja de rastos".

Em conclusão, arrancar a um ritmo que sabia não poder aguentar foi obviamente uma burrice. O mais incrível é que eu o sabia, mas que mesmo assim não o consegui evitar.

Como dizia o Oscar Wilde, "consigo resistir a tudo, menos às tentações"!

A posteriori, fica a frustração de não ter conseguido o objectivo, mas também o prazer que foi correr esta maratona (até ao km 30...). E a satisfação de ter acabado, apesar de tudo, dentro de limites razoáveis.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Mais olhos do que barriga

Curto post sobre a Maratona de Roma, um relato mais detalhado fica para amanhã...

O dia estava perfeito, saí na frente da corrida e sentia-me bestialmente bem. Quando vi passar os balões das 3h00, decidi segui-los. Sabia que era demasiado rápido para mim, mas pensei que poderia segui-los até à meia-maratona e depois fazer o resto calmamente. Uma vozinha bem me dizia que era uma asneira e que nas maratonas as asneiras pagam-se caras.

Resultado, uma meia-maratona em pouco mais de 1h30 (o meu record pessoal) e uma segunda parte desastrosa, sobretudo a partir do km 35. Antes do km 40 fui até obrigado a parar com uma pontada do lado direito (dor de burro) que pura e simplesmente me paralisou. Depos de uns exercícios e de baixar o ritmo cardíaco, lá consegui arrastar-me até à meta. Levei 15 minutos para fazer os últimos 2,195km.
E assim acabei com 3h21m16s (tempo real), o meu segundo pior tempo.

Conclusão: se fizermos tudo certinho, nunca temos a certeza de que tudo vai correr bem numa maratona. Se fizermos asneira, temos sempre a certeza de que a pagamos a preço de ouro.

Relato e fotografias num próximo post.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Objectivos

Amanhã e sexta-feira estarei demasiado ocupado, vou pois aproveitar esta pausa para deixar preto no branco os meus objectivos para Roma.

O objectivo essencial é passar um bom fim-de-semana com a família. As maratonas são também (ou essencialmente) um pretexto para um fim-de-semana diferente.

Em termos de de maratona propriamente dita, escusado será dizer que o primeiro objectivo é acabar, de preferência em bom estado :-)!

Como não pretendo ser original, já terão adivinhado que o segundo objectivo seria melhorar a marca de Amsterdão e fazer um tempo de 3h10m (qualquer coisa como 13,3km/h, ou 4'30"/km se as minhas contas estão certas).

Se tudo correr bem (grande "se", não é?), penso que está ao meu alcance. Mas há tantos imponderáveis numa maratona...

Na segunda-feira darei notícias!

terça-feira, 17 de março de 2009

Formigas nos pés...

Se há coisa que detesto nas competições, é ter de reduzir o ritmo dos treinos nas duas últimas semanas. A última semana, então, é um suplício: está-se em plena forma, apetecia fazer uns treininhos puxadinhos, e nada, temos de poupar o organismo para chegar fresquinho ao dia D.

Brrrr....

Apetece lançar o programa de treino às urtigas e lançar-se pelos caminhos.

Ainda por cima, contrariamente ao que é costume aqui para estas bandas, S. Pedro resolveu dar um ar da sua graça e está um dia ÓPTIMO para um treino: +/ 15°C, céu azul e um sol de Primavera.

Esperemos que a espera valha a pena e que não perca o apetite de tanto roer o freio...

sexta-feira, 13 de março de 2009

Palavras de compaixão

Na triste saga da menina brasileira cuja mãe foi excomungada, há vozes de compaixão que se levantam no seio da Igreja. Que bispos contestem abertamente outro bispo é suficientemente raro para ser assinalado. Sinal do profundo mal-estar que este triste episódio provocou entre muitos católicos.

A última recta

Este vai ser o último fim-de-semana antes da Maratona de Roma.

Como dizia o outro, estou sereno: fiz o que podia para me preparar, com as limitações inerentes a ter de conciliar a corrida com uma actividade profissional intensa e uma vida familiar, primeira prioridade.

De qualquer forma, agora é que já não há nada a fazer senão ir desenferrujando as pernas e constituindo as reservas para Roma.

E começar a pensar na próxima...

"Próxima" é aliás a palavra certa ;-)!

Inscrevi-ne na Maasmarathon, uma corrida entre Vizé (na Bélgica) e Maastricht (nos Países Baixos), quase sempre à beira rio. Será já a 10 de Maio. E não me venham dizer que não é razoável correr duas maratonas em tão pouco tempo: eu sei tudo isso, mas apetece-me fazê-lo, pronto! Será apenas para o prazer, sem quaisquer preocupações de cronómetro.

Mas depois de Roma, vai-me fazer bem voltar a uma prova mais "caseira", com muito menos participantes, uma organização menos profissional, mas com uma preocupação constante em reduzir o impacto ambiental.

terça-feira, 10 de março de 2009

Barbárie

Tem 9 anos, pesa apenas 33 quilos e mede 1,36 metros. Foi violada pelo padastro (tal como a sua irmã deficiente) desde os 6 anos e estava grávida de gémeos.

Para a Igreja Católica (o Bispo de Olinda e Recife foi apoiado pelo Vaticano), o verdadeiro crime, o único que merece a pena grave da excomunhão, é o aborto. A violação continuada de duas crianças, uma delas deficiente, parece-lhes um pecado comparativamente menos grave.

Para o Bispo e para a Igreja Católica, a menina deveria suportar uma dupla maternidade aos 9 anos de idade ou, o que é mais provável, a morte. Isso parece-lhes preferível a destruir dois embriões e salvar uma vida humana.

Assalta-me uma enorme tristeza pela estupidez e a maldade humana. O Bispo e o padastro fazem-me sentir vergonha de ser homem.

Há dias em que sorrir é difícil...

segunda-feira, 9 de março de 2009

Ainda não é desta...

Acabei de receber um mail da organização do Grand Trail des Lacs et des Châteaux informando que a primeira edição vai ter lugar afinal no fim-de-semana de 19 e 20 de Setembro de 2009.
Isso obrigaria a uma preparação cuidada durante o Verão, para a qual não me parece ter motivação. Não me apetece passar as férias de Verão (em Portugal) a ter de fazer longos treinos...
Portanto, ou participo sem preparação específica ou ainda não vai ser desta.

Entretanto, estou a 13 dias da maratona de Roma. A paragem forçada por dores no joelho atrasou a preparação e tenho a sensação que o pico de forma já foi. Agora, já não há nada a fazer, já nã adianta forçar nesta última linha recta. Vou seguir o plano e reduzir substancialmente o número de quilómetros e a intensidade dos treinos.

Não vale a pena chegar a Roma exausto, não é?

quinta-feira, 5 de março de 2009

Ultra

Fabuloso artigo para o qual o nosso amigo António Bento nos chamou a atenção no seu blogue.

Uma experiência tão extrema como aquela interpela-nos sobremaneira. E permite-nos compreender melhor o espanto e a incredulidade de algumas pessoas perantre a nossa modesta experiência de maratonista. O conceito de ultra também é relativo...

Como muita gente, estou cada vez mais tentado a experimentar algo de diferente, deixar o alcatrão e lançar-me por serras e vales, por caminhos de cabras, sem preocupações cronométricas. Mas com uma condição: têm de ser mais de 42km...

Decidi pois deixar a decisão final sobre a realização deste meu desejo nas mãos de terceiros: se a anunciada primeira edição do Grand Trail des Lacs et des Châteaux se realizar este ano (ao que tudo indica a 11 e 12 de Julho) farei a minha estreia nessa prova de 128km em 2 dias e 7 etapas, com um desnível positivo de 5303m, por paisagens magníficas das "Hautes Fagnes", nas Ardenas belgas.

Por enquanto a organização parece estar a conhecer algumas dificuldades, o que não é de espantar no contexto actual. Melhor para mim: posso continuar a fazer projectos no ar sem ter de começar a encarar seriamente a preparação para uma tal prova.