quinta-feira, 20 de maio de 2010

Discriminação na Maratona do Porto?

Como sempre, depois de digerida a Maratona de Praga, estou desde já a planificar a seguinte.

Uma das possibilidades seria a Maratona do Porto, que se realiza em Novembro.

Qual não foi, pois, o meu espanto ao descobrir que os atletats não residentes em Portugal ou Espanha têm de pagar praticamente o dobro pela inscrição (45 euros, em vez de 25 euros)!

É a primeira vez que vejo tal diferença de preço, que nada me parece justificar.

Será que um atleta residente em França ou na Alemanha, por exemplo, implica maiores custos para a organização da Maratona? Ou tratar-se-á de incentivar os atletas "locais"? Mas nesse caso, como perceber o investimento em acções de promoção especificamente destinadas a um público residente fora da Península Ibérica (um stand estava presente em Praga, por exemplo)?

Na minha opinião, esta prática viola o artigo 18° do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia, que dispõe o seguinte:
"No âbito de aplicação dos Tratados (...) é proibida toda e qualquer discriminação em função da nacionalidade".
Ao estabelecer diferentes preços consoante a residência, a organização discrimina indirectamente em função da nacionalidade, dado que os cidadãos europeus de nacionalidades diferentes da portuguesa ou espanhola são particularmente prejudicados.

Acabei de enviar um mail à organização perguntando o porquê desta prática, estou curioso por ver a resposta.

A manter-se esta prática, ainda não será agora que correrei pela primeira vez em Portugal.

6 comentários:

  1. Talvez a resposta seja qualquer coisa parecida com de facto de haver mais despesas com atletas, não de outra nacionalidade, mas sim com morada fora do país, com por exemplo correspondência que se envie, seguro mais caro por o atleta morar a milhares de kms da prova?

    Não faço a mínima ideia se estes são argumentos, e não venho por isso acrescentar nada à questão, a não ser mais questões, mas o assunto causou-me interesse e apeteceu-me deixar comentário, e conto que o Fernando venha aqui partilhar a resposta da organização pois estou curiosa da resposta.

    Sem pretender justificar algo errado (ou não) com o facto de haver verdadeira e flagrante discriminação com base na nacionalidade, como por exemplo o regulamento de uma prova proibir a participação a estrangeiros, com excepção dos que poderão ser convidados pela organização, e isso sim, é absoluta e gritante discriminação, e é praticada todos os anos pela organização da famosa Meia Maratona de Ovar, venho opinar que talvez essa "discriminação" para com os moradores no estrangeiro tenha alguma razão válida e suficiente, e que não seja simplesmente discriminação.

    É uma pena que o Fernando P não venha (pelo menos este ano) à Maratona do Porto, pois é a melhor que por cá (Portugal) temos! E eu conheço-as bem. Por dentro e por fora. Se Se Se Se...... se muita coisa, talvez faça a minha 5ª Maratona no Porto este ano.

    Até breve
    Ana Pereira

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  2. Bom, eu também não sei das razões que levam as organizações a tomar estas decisões que, à partida e à luz do tal artigo 18º, são erradas.

    Porém, na minha modesta opinião, considero esta decisão certa. Porquê? Porque tenho-a como uma descriminação positiva. Ou seja, não são os não residentes que pagam mais, mas sim os residentes deste país - que estão todos os dias a perder poder de compra face aos residentes do resto da Europa – que pagam menos!!!

    Orlando Duarte

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  3. Cara Ana, caro Orlando,
    efectivamente, pode ser que haja motivos válidos para uma diferença de preços. O que me chocou essencialmente foi a desproporção: 20 euros de diferença...

    De qualquer forma, não me parece que os atletas gregos ou irlandeses estejam em melhores lençóis...

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  4. Olá Fernando;

    Se existir descriminação é um acto inaceitável, pois estamos habituados nesta Europa do Norte a participar nas provas com preços independentemente das nacionalidades, particpantes são todos iguais.

    Se a mesquinhiçe portuguesa for um facto, é muito lamentável. Será que um português não será sempre português em qualquer parte do mundo, ou será menos portugês se viver fora de Portugal ? Ou será um português mais que um estrangeiro ao participar numa prova em Portugal ?....enfim muitas perguntas mais haveriam. Mas aguradamos pela resposta da organização.

    Um abraço. bom fim de semana.
    José xavier

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  5. Caro Fernando e José Xavier, ponto prévio: Não estou mandatado pela organização da maratona do Porto, nem sou advogado de ninguém.

    Como já disse, não sei das razões que levaram aquela organização a tomar aquela decisão porém, mantenho a minha opinião e, independentemente de não saber se a razão é a que eu saliento, devo dizer que percebo perfeitamente a vossa indignação enquanto emigrantes.

    Contudo, para fundamentar melhor a minha tese, vale a pena lembrar que, por exemplo, o ordenado médio dum belga é mais ou menos 3.000€, dum holandês é 2.000€, dum espanhol é 1700€ e dum português é 750€!!!

    Perante este quadro e esta realidade, não será justo aquela descriminação?...

    Mais informo que participaram na edição anterior da Maratona do Porto e em representação da Europa, 88 espanhóis, 64 franceses, 36 belgas, 15 ingleses, 15 alemães, 10 dinamarqueses, 4 holandeses, 2 polacos, 2 italianos e 1 irlandês.

    Um Abraço

    Orlando Duarte

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  6. Olá amigo Fernando P.

    Sendo pertinente a sua observação e, tal como o Orlando, sem estar mandatado para defender a organização da excelente Maratona do Porto -que recomendo vivamente - talvez a medida se encaixe num figurino que já vem de trás, de outras conceituadas maratonas da Europa. Estou a lembrar-me de Madrid, onde acontece o mesmo ( e aqui as razões não serão as que oOrlando apresenta, pois o ordenado médio de um espanhol é superior ao de um português que, para o caso, só interessa ser estrangeiro e como tal, leva pela medida grande). Em Sevilha, por exemplo, e numa medida muito mais acertada, só paga taxa de estrangeiro quem residir fora da Europa.
    Estou convencido que a Organização, ao incrementar esta medida, foi a pensar nos estrangeiros e não nos portugueses residentes no estrangeiro. Mas ele melhor que ninguém, poderá esclarecer.

    Então e Praga, ãh?! 3,17 (!) é uma marca a merecer grandes honrarias. Parabéns, amigo Fernando.
    Apesar disso, no Porto, onde também eu conto estar presente como sempre o fiz, vai fazer ainda melhor.
    Grande abraço.
    FA

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