sábado, 28 de fevereiro de 2009

Getting better...

Pois é, as dores desapareceram como surgiram: de repente e sem explicação. Ontem fiz um treino suave para confirmar: nada, nenhumas dores sensações muito boas!

Hoje vai ser dia de teste: vou fazer o longão habitual do fim-de-semana, ainda mais atento do que habitualmente a eventuais dores. Se necessário, páro.

A ver vamos...

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Mais um dia sem

Sem correr, pois claro!
Já me está a mexer com os nervos, confesso. Tenho consulta na sexta-feira no Centro de Medicina Desportiva da ULB (a Universidade Livre de Bruxelas), espero que melhore antes disso e que amanhã possa fazer o terino previsto.
De qualquer forma, na sexta-feira tentarei perceber o porquê destas dores inéditas (para mim): já tinha tido problemas musculaares e as articulações dão por vezes conta de si, mas nunca me tinha acontecido uma dor num osso, sem queda ou choque.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Raios partam a P.D.I.

Ontem não treinei, uma dor no topo da tíbia, mesmo junto ao joelho, mas que nada parece ter a ver com a articulação do joelho propriamente dita. Isto sem ter havido qualquer queda ou traumatismo que a explique.

Hoje fui à sala de ginástica para ver se conseguia correr ou, pelo menos, andar de bicicleta: nem uma coisa nem outra, doía bastante, decidi não forçar.

A um mês da Maratona de Roma, não vem nada a calhar. Mas suponho que vale mais parar alguns dias por precaução do que arranjar um bico de obra que me obrigue a parar por bastante mais tempo.

Como diria um amigo meu: raios partam a p.d.i.! Ou, noutra versão: troca-se esqueleto de 50 anos por dois de 25!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

"Courir", de Jean Echenoz



O livro conta de forma romanceada a vida de Emil Zatopek, um atleta ímpar, o único a vencer os 5.000m, 10.000m e a maratona numa mesma Olimpíada (nos Jogos de 1952, em Helsínquia, na Finlândia).

Emil Zatopek está igualmente ligado à luta contra o regime comunista na então Checoslováquia, tendo sofrido na pele as consequências do apoio à Primavera de Praga.

Farei uma resenha quando acabar a leitura. Talvez venha a ser editado em Portugal, quem sabe?

De luto

Não é portuguesa, mas morreu em Portugal: Kamila Skolimowska, lançadora do martelo, medalha de ouro em Sidney, faleceu no Algarve, onde se encontrava a preparar a próxima temporada.

Para os amadores do atletismo, este é mais um dia de luto, mas também de interrogações: como é possível?

E para um benfiquista como eu, traz à memória as imagens trágicas da morte em directo de Miklos Fehér.

Como recorda o Público de hoje,
a morte de Skolimowska acontece praticamente um mês depois do falecimento súbito do melhor corredor de 800m alemão, René Herms, devido a paragem cardíca, e mês e meio após o falecimento, também por falha cardíaca, de Jani Lehtonen, o ainda recordista finlandês do salto com vara, aos 40 anos de idade. É mais uma tragédia para uma longa lista da qual o facto mais famoso foi a morte aos 38 anos, em 1998, de Florence Griffith-Joyner, a americana que continua a deter os máximos mundiais femininos dos 100 e 200 metros.

Noutro registo, dado que já não tem a ver com a alta competição, li algures (não me recordo onde) que na última Maratona de Nova Iorque faleceram quatro participantes, o que representaria uma taxa de mortalidade 4 vezes superior à média nas maratonas. Fenómeno pontual, sinal do envelhecimento do pelotão ou falta de preparação?

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O atletismo amador e a Federação

Na sequência do meu último post, o meu caro amigo virtual Fernando Andrade enviou um comentário que merece que lhe seja dado mais destaque. Vou, pois, reproduzi-lo integralmente.

Dado que não resido em Portugal há uns anos, o meu conhecimento da situação em Portugal nesta matéria é limitado, mas posso contribuir para o debate com o exemplo do que se passa em França e na Bélgica.

Se houver interesse, continuaremos o debate sobre este assunto, aqui ou noutro site (fórum?) mais adequado.

Aí vai então o texto do Fernando Andrade:


Ora aí está um tema que considero de grande importância para o desenvolvimento da modalidade, Amigo Fernando.
Embora fazendo parte de um organismo que ainda não está bem em funcionamento, mas que já tem lugar nas Assembleias gerais da FPA (fui designado presiente da APOPA -Associação Portuguesa de Organizadores de Provas de Atletismo)tenho feito sentir a necessidade de "contabilizarmos" toda a massa humana que, aos fins de semana dão corpo à modalidade, quer se tratem de atletas de elite, quer se tratem de simples corredores não (ou pouco)competitivos.
Se os números da Federação incluissem essa realidade, o atletismo em Portugal teria uma expressão muito maior junto do Governo e, consequentemente, mereceríamos outra atenção.
Há apenas que se fazer uma espécie de "recenseamento do corredor" visando o seu licenciamento. Todos teriam vantagens com isso.
Esta é uma matéria que preciso trabalhar (e, desde já, agradeço todas as ideias que concorram para esse objectivo).
Dos contactos já tidos, particularmente com o Presidente da FPA, Prof. Fernando Mota, existe total abertura para encontrarmos as soluções.
Terei todo o gosto em voltar ao tema.
Grande Abraço.
FA

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Corrida e saúde

Num comentário ao meu post anterior, Xampa confirma a mesma tendência no Brasil e escreve que "é muito bom saber disso [o aumento do número de praticantes], quer dizer que mais e mais pessoas estão se preocupando com a saúde".

É óbvio que sim, é bom ver pessoas de todas as idades a correr a todos os ritmos,em todos os pisos. Qualquer que seja a motivação e mesmo que para alguns não passe de um fenómeno de moda.

Pergunto-me se, em número total de praticantes, o atletismo (incluindo o jogging do domingo) não é de longe mais praticado do que qualquer dos desportos que levam a grande maioria das subvenções públicas (futebol e quejandos).

Se contabilizássemos todas as provas que se realizam em Portugal, qual o número de praticantes? E quantos mais correm regularmente sem nunca terem tido necessidade/vontade de um dorsal?

No entanto, contrariamente a outros desportos (colectivos), os praticantes federados devem ser uma pequena minoria no pelotão de corredores. O grosso dos praticantes não tem portanto qualquer representação "institucional". Pergunto-me se a Federação de Atletismo não deveria ter uma presença mais activa nesta área do desporto amador ou mesmo de lazer. Talvez todos pudessemos beneficiar de uma mior visibilidade institucional do pelotão de corredores anónimos.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Correm atrás de quê?

Segundo a revista Run in Live, nunca tantos maratonistas fizeram tão boas marcas como em 2008:
- 1342 abaixo de 2h20, 257 abaixo de 2h12, 169 abaixo de 2h11, 106 abaixo de 2h10, 66 abaixo de 2h09, 36 abaixo de 2h08, 16 abaixo de 2h07, 7 abaixo de 2h06 e 1 abaixo de 2h04.

A este ritmo, parece que não tardará que alguém corra uma maratona abaixo de 2 horas. Já não será para Hailé Gebrselassie, mas já não parece tão inatingível como há apenas uma década.

Nas mulheres, a tendência é a mesma, embora o número de maratonistas com marcas de topo seja inferior: 1353 abaixo de 2h50, 199 abaixo de 2h32, 136 abaixo de 2h30, 32 abaixo de2h26, 10 abaixo de 2h24, 9 abaixo de2h22.

Entre os amadores, a tendência não é muito diferente: aumento do número de atletas que acabaram a maratona em 2008, médias em constante aumento no pelotão (apesar do envelhecimento...). Vejam os dados que figuram no número de Feveriro da revista Jogging International, se forem legíveis na imagem abaixo.

É caso para perguntar: correm atrás de quê?

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Tolerância

Este blog é essencialmente sobre corrida mas não exclusivamente sobre corrida, como o título indica.

Hoje apetece-me sair do registo das ninharias e reagir sobre algo bastante mais sério.

Tudo isto depois de ter lido uma opinião publicada por João César das Neves no Diário de Notícias sobre o levantamento da excomunhão por Bento XVI a quatro bispos integristas, um dos quais abertamente negacionista.

João César das Neves escreve o seguinte:
Num mundo que gosta de se anunciar sem preconceitos e repudia a censura, existe um bloqueio drástico sobre o Holocausto. Comentar o horror nazi não pode ser feito fora da versão oficial. São admitidas todas as opiniões, menos essa. O pior é a forma inquisitorial, fanática e abespinhada com que o assunto é enfrentado. Quem nega as câmaras de gás deveria ser tratado com um sorriso pela ignorância e uma gargalhada pela tolice.


Um sorriso para quem nega o horror absoluto que foram as câmaras de gás? Uma gargalhada? Confesso que sou incapaz de esboçar o menor sorriso perante uma parvoíce como esta, quanto mais uma gargalhada...

Os milhões de mortos nas câmaras de gás (e é bom não esquecer que foram maioritariamente judeus, mas não somente judeus: os homosexuais, os ciganos, os deficientes também se contaram entre as vítimas) merecem mais respeito do que o sorriso e a gargalhada que nos propõe o cronista.

E gostava de saber como é que alguém pode defender o valor absoluto da vida humana, a ponto de ser contra a eutanásia ou o aborto, mas propõe um sorriso ou uma gargalhada perante a recusa do Holocausto. Ou será por coerência com a indiferença da Igreja na altura?

Mais uma reflexão: não deixa de ser curioso que o bispo britânico recuse reconhecer o Holocausto "por falta de provas", mas aceite sem pestanejar a ressureição de Cristo, a Imaculada Concepção de Maria, etc.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Brrrrr.....

Brrrr.... que inverno!
-2°C hoje, mais ou menos o mesmo ontem quando fiz o longão semanal.
Bem agasalhado, até se faz sem problemas. O pior são as mãos! Apesar de um bom par de luvas em Goretex, chego ao fim com os dedos enregelados.
Mas seria preciso mais do que dois míseros graus negativos para me impedir de fazer o treino previsto. Lá irei pois pra o fim da tarde para duas séries de acelerações de um minuto em lomba. Que bem que vai saber o banho quente a seguir!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Então você quer correr uma maratona, hein?

Encontrei no Google uma pepita que gostaria de partilar convosco. Para facilitar a leitura, copio integralmente o texto que pode ser lido no original aqui.

Espero não estar a violar alguma norma sobre direitos de autor na net ao reproduzir integralmente o texto, a página não tem endereço de correio electrónico para pedir autorização.

Os motivos que faltavam (11/fev/1999)

Então você está pensando em correr uma maratona, hein?[1] Não bastam os seus problemas, os seus compromissos, o trabalho, a faculdade, a(o) namorada(o), os filhos, o síndico, o cachorro do vizinho, e você ainda quer correr uma maratona! Vai se esborrachar treinando durante meses, agüentar sol, chuva, vento, frio, calor, dor aqui, dor ali. Quando voltar esbagaçado de um treinamento, alguém vai perguntar se você andou fazendo o seu cooperzinho. Nenhum parente ou amigo vai levá-lo a sério, e alguns até ficarão ofendidos quando você recusar um convite porque tem de treinar. O médico vai reprová-lo porque você não faz caminhadas, que é muito mais seguro, blablablá, ou natação, que é muito mais completo, blablablá, blablablá. E quando você finalmente correr o raio da maratona, chegará horas depois do primeiro colocado, rezando para não escorregar naquele tapete de copinhos plásticos e sendo ignorado pelos gatos pingados que sobraram na platéia. Quer saber o que eu penso disso? Ótima idéia!!

Se você já tem o hábito de correr, deve saber que eu não estou exagerando. Correr é uma mistura sensações boas e ruins. Mais boas, é verdade, mas não venha me dizer que um final de lomba, aquele restinho que você só vê depois que pensou que já tinha acabado, é bom. É nada. Eu, pelo menos, odeio final de lomba, quase tanto quanto limpar os tênis.

E que tal acordar cedo para correr no domingo? Sair às 19h, noite fechada, 10 ºC e garoando, para fazer os 10 km daquele dia? Ouvir desaforos de idiotas que passam de automóvel ou, pior ainda, em ônibus de torcedores? Lavar a roupa de corrida quase todo dia, tentando inutilmente desencardir as meias brancas [2]? Gastar rios de dinheiro em tênis de corrida, que parecem custar só um pouco menos que os automóveis populares? Isso é apenas uma amostra do lado ruim, experimentado por todos os corredores e não apenas por candidatos a maratonista. Mas durante um treinamento para maratona, as distâncias são maiores e todos esses problemas ficam, automaticamente, mais acentuados.

Se você não sabia isso, talvez esteja se sentindo menos motivado. Nesse caso, eu tenho duas coisas a dizer: Primeiro, não é nada que não possa ser superado, se você tiver disposição e saúde para tanto. Segundo, são exatamente essas dificuldades que fazem o Desafio. Eu sei, você pensava que o desafio fosse correr os 42,2 km, mas não é.

Pense num alpinista. Eu gosto da analogia porque, assim como o maratonista não competitivo, o alpinista não tem nada a ganhar, exceto a satisfação de fazer algo extraordinário. Ao chegar ao pé da montanha, o alpinista tem diante de si duas dificuldades básicas. Uma delas é o clima, sobre o qual ele não possui controle algum (mesmo que tenha escolhido cuidadosamente a época da escalada). A segunda dificuldade é a própria montanha. Para enfrentá-la, o alpinista deverá ter aprimorado a sua habilidade como escalador, ajustado o seu condicionamento físico, adquirido todos os equipamentos e víveres necessários e estudado as rotas, os obstáculos e os possíveis locais de acampamento. Nada disso é fácil, mas se tiver atendido cada um desses pré-requisitos, chegar ao cume será apenas uma conseqüência natural (abstraindo-se, é claro, as ocorrências de clima adverso e acidentes imprevisíveis).

A mesma coisa acontece com a maratona. Chegar ao fim de uma não é uma tarefa fácil, assim como não é escalar o Aconcágua. Mas o seu sucesso depende quase exclusivamente da preparação, que é muito mais difícil, porque leva meses ou até anos. Também pode-se imaginá-la como uma formatura universitária: a cerimônia pode até ser longa e cansativa, mas o duro mesmo é ser aprovado em todas as disciplinas. Então, o desafio maior é concluir satisfatoriamente a preparação, e não apenas terminar a maratona.

Ter uma clara consciência desse fato é o que pode levá-lo em boas condições à linha de chegada. Saber que o verdadeiro desafio é realizar cada um dos treinos programados lhes atribui um significado muito maior do que o de uma corridinha descompromissada de fim de semana (ou cooperzinho, como preferem os idosos). Ao entender isso, você dará aos seus treinos uma importância semelhante à que dá ao seu trabalho, ao qual você não costuma faltar só porque não está muito a fim. Aliás, você nunca sequer cogita de não ir trabalhar, a não ser que esteja realmente doente.

Mas, afinal, o que tem de divertido nisso?

É verdade, até agora, eu só falei de problemas, dificuldades e desafios; agora, vamos ao lado positivo. Alguns corredores afirmam que correr os faz conhecer melhor a si mesmos, lhes dá segurança e auto-estima, os ajuda a enfrentar melhor a vida e suas dificuldades e os torna pessoas mais completas. Eu não iria tão longe (para não dizer que acho isso uma papagaiada). No meu modesto ponto de vista, há motivos muito mais palpáveis (e reais) para se praticar esse esporte.

Primeiro, correr é uma atividade natural. As regras são as mais simples possíveis, você não precisa de um instrutor, nem de um juiz. É verdade que um treinador pode contribuir bastante para atingir-se objetivos complexos, como correr a maratona, mas ele não é imprescindível. Agora, tente aprender a nadar sozinho, apenas lendo livros.

Segundo, para correr você não depende de mais ninguém. Não é preciso ser sócio de nenhum clube, não é preciso formar um time, não é preciso sequer conhecer outros corredores. De novo, tudo isso pode tornar o ato de correr mais agradável, mas nada é imprescindível. Você pode alegar que depende, pelo menos, da administração pública, que constrói os parques e as ciclovias onde você pode treinar. E eu tenho de admitir que isso é verdade, porque correr na rua, em meio aos carros, é enfrentar os mais perigosos psicopatas em situação de absoluta desigualdade. Mas essa é uma dependência fraca, e você dará um jeito mesmo que as condições existentes para a corrida sejam péssimas (e se você também mora em Porto Alegre, sabe muito bem do que eu estou falando).

Terceiro, a corrida é um esporte onde é possível avaliar-se com precisão o progresso obtido, e acompanhar esse progresso é sempre extremamente motivador. Com a ajuda de um diário, que pode ser um simples caderno ou um programa de computador, pode-se registrar tempos, distâncias, e batimentos cardíacos médios, além de inúmeras outras variáveis. Com esses dados, pode-se construir estatísticas muito interessantes. Por exemplo, eu uso o programa RunNotes [3] para registrar as minhas corridas desde 1997. Com ele, eu posso descobrir que a minha velocidade média em 97 foi de 9,93 km/h, passou para 10,98 km/h em 98 e está em 11,47 km/h em 99. Já o meu rendimento cardíaco foi de 1,63 metros por batimento em 97, 1,76 m/b em 98 e 1,83 m/b em 99. Eu vejo esses dados como uma espécie de conquista, à qual eu tenho direito por ter me dedicado muito, e da qual não estou disposto a abrir mão por razões que não sejam muito importantes.

Quarto, o próprio ato de correr pode ser prazeroso. Pode-se ouvir música o tempo todo e pensar no que se quiser sem ser interrompido por ninguém. Dependendo do ritmo adotado, pode-se perceber um esforço físico forte e a capacidade plena do organismo de sustentá-lo, e esse é uma sensação ótima. Mais raramente, pode-se sentir o que na literatura especializada é conhecido como runner's high (algo como "barato" de corredor), uma sensação de euforia provavelmente relacionada à liberação no organismo de substâncias analgésicas e calmantes como a endorfina e a encefalina [NOA91].

Quinto, mesmo quando a corrida é difícil, com um esforço físico muito grande, os momentos seguintes são extremamente agradáveis. Pense, por exemplo, numa corrida no inverno de duas horas, um banho quente depois, uma lazanha a seguir e, por fim, uma cama macia e um jornal. Você provocando o sono até não poder mais, sua mulher (ou seu marido) já ressonando a seu lado. Que maravilha! E não fique achando que isso é sopa de pedra, que poderia ser a mesma coisa sem a corrida. Nada disso. Jamais seria a mesma coisa sem aquele cansaço gostoso e sem as endorfinas inundando o seu corpo.

Sexto, pelo simples fato de ser um corredor, você poderá entrar em qualquer competição de rua, inclusive provas oficiais, mesmo que não tenha a menor chance de vitória. Não que os corredores nasçam com o ideal olímpico no coração, achando que o importante é mesmo competir. Nada disso. Se pudessem, todos dariam o sangue para rasgar a faixa de chegada. Mas o fato de não ser geneticamente superdotado não o impede de esforçar-se bastante para superar o seu próprio tempo, ou simplesmente chegar ao fim da prova. E qualquer um desses resultados será um justo motivo para comemoração. Para facilitar as coisas, ninguém espera mesmo muito de você, o que lhe tira a responsabilidade dos ombros e capacita-o a concentrar-se melhor na corrida e até corrê-la em esforço submáximo, apenas para aproveitar o evento.

Sétimo, por falar em competições, em que outro esporte você participa delas junto com a elite (fora o golfe, é claro)? Na medida em que você for se interessando mais por corrida, você saberá quem são os melhores atletas do momento. E vai vê-los treinando e competindo, vai correr ao lado deles. Bem, ao lado deles talvez seja muito otimista, mas, pelo menos vai aquecer junto e, teoricamente, vai disputar o mesmo prêmio. Corresponde, se você se liga em futebol, a jogar algumas partidas oficiais ao lado do Dunga [4], ou disputar um torneio de tênis contra o Guga. Mesmo que você não tenha a mais pálida e desprezível chance, não deixará de sentir uma certa satisfação.

Ok, eu já sabia que correr era bom, mas por que uma maratona?

Ao ser indagado porque queria tanto subir ao cume do monte Everest, o inglês George Mallory deu a resposta mais famosa da sua vida: - Porque ele está lá! Mallory talvez não seja uma boa fonte de inspiração para os candidatos a maratonista, porque ele não teve sucesso, embora tenha deixado o seu nome gravado na história do alpinismo, uma coisa que nem eu nem você faremos pela corrida [5]. Mas a sua frase resume bem o sentimento em questão. Como é possível ficar indiferente à maratona que é organizada anualmente na sua cidade ou em alguma outra por perto, contanto que você seja um corredor com aptidão para longas distâncias? Como não se sentir desafiado pelas dificuldades? Como não sentir um calafrio ao imaginar-se cruzando a linha de chegada? A maratona, alguém já disse, é um Everest por ano, ao alcance apenas daqueles que fizerem por merecê-lo.

Eu insisto, não vai ser fácil. Atendidos os pré-requisitos (exame médico, tempo, ...) e montado um treinamento básico, você terá ainda uma porção de dificuldades a enfrentar, durante muitos meses. Quando os problemas começarem, lembre-se disso: ninguém, em nenhum momento, disse que ia ser fácil. Mas talvez nada seja tão difícil quanto dar o primeiro passo. A propósito, John Bingham, colunista da revista Runner’s World, tem um slogan muito simpático: “O milagre não é eu ter terminado, é ter tido a coragem de começar”. As dificuldades você superará, uma de cada vez. E, no final, você terá deixado de ser um corredor. Você será um maratonista.

Notas de rodapé

[1] Antes que me venham com acusações levianas, vou logo contando que o título destas páginas, assim como o seu estilo meio irreverente, foram influenciados pelo ótimo site de Joe Burns, HTML Goodies, onde é possível aprender-se o melhor da linguagem HTML e ainda divertir-se com o seu humor impagável.

[2] Não que eu seja favorável à pena de morte, mas pense um pouco nos fabricantes de meias para corredores que só as fazem brancas como a neve. Não se justificaria uma pequena emenda constitucional no caso? Estimo que apenas 1% das meias fabricadas para corredores (aquelas de cano curto, mais resistentes) não sejam brancas. E é claro que não há nenhuma loja na sua cidade que venda esses modelos.

[3] O RunNotes é um programa desenvolvido por mim e distribuído gratuitamente na Internet desde abril/98. Se você quiser saber mais sobre o RunNotes, e até experimentá-lo, sinta-se à vontade.

[4] Já vou avisando que maratonistas preferem o futebol-força. Se, por acaso, você é daqueles que dão mais valor ao chamado futebol-arte (o dos ciscadores), é bom saber que, provavelmente, nunca chegará sequer a ouvir o tiro de partida de uma maratona - a não ser de lá da arquibancada, é claro.

[5] De fato, após diversas tentativas de escalar o Everest, George Mallory morreu muito próximo do cume, em 1924. Os primeiros homens a conseguirem a façanha foram Sir Edmund Hillary, inglês, e Tenzing Norkay, sherpa, em 1953.

The Wrestler



Fui ver recentemente o filme "The Wrestler", que marca o regresso do Mickey Rourke depois de uma longa travessia do deserto, com semelhanças, aliás, com a história contada pelo filme.

O filme trata essencialmente da decadência física de uma glória do wrestling, mas aborda outras questões que não me deixaram indiferente. Obviamente, aos 51 anos, o tema da decadência física é algo que nos é próximo.

E dei comigo a pensar se a minha paixão tardia pela corrida não era também e sobretudo uma tentativa de não reconhecer o tempo que passa, de recusar as inevitáveis limitações físicas...
Tentar fazer a maratona em 3 horas será apenas para provar que ainda se é capaz de ultrapassar umas centenas de miúdos arrogantes de juventude?

De um ponto de vista menos pessoal, é interessante ver a deriva de um desporto que se tornou num mero espectáculo, em que agradar ao público é o único objectivo. Será que os nossos desportos favoritos em Portugal (nomeadamente aquele que se joga a 11 com uma bola redonda, estão a ver?) não estarão a evoluir para algo de semlhante? Quando ganhar ou perder representa mais do que ganhar ou perder um jogo, quando tantos milhões estão em causa, a tentação é grande de não deixar tudo por conta do acaso e da verdade desportiva.

O filme mostra igualmente de forma magistral a América de baixo, aquela América que explica nomeadamente os 8 anos de Presidência Bush...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Frustração

Numa preparação de 14 semanas, não realizar um treino não fará qualquer diferença.

No entanto, não posso esconder a minha frustração por não poder realizar hoje o treino previsto. Uma reunião que se prolonga por todo o dia, compromissos familiares ao fim da tarde, lá se vai a possibilidade de treinar hoje.

Sei que a reacção é excessiva, mas não posso evitá-la...

Felizmente vem aí o fim-de-semana. Tentarei respeitar o programa, sem cair na tentação de compensar o dia de hoje. Na preparação da maratona, o excesso de zelo é provavelmente ainda mais perigoso do que a não realização de uma ou outra sessão de treino.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Viciado em gadgets?


Confesso de entrada que sou um bocado viciado em gadgets.
Quando comecei a correr (há mais ou menos 2 anos), naturalmente aproveitei para adquirir mais uns tantos, de utilidade mais ou menos duvidosa.

Há no entanto um que se tornou indispensável e sem o qual correr não seria a mesma coisa: o meu relógio GPS da Garmin, o Forerunner 405.

É fabuloso: GPS extremamente fiável, raramente perde a recepção satélite e se tal acontece é apenas por curtos períodos. No entanto, corro essencialmente na floresta onde as condições de recepção nem sempre são óptimas, dada a cobertura florestal. E, contrariamente ao modelo anterior, o Forerunner 305, pode ser utilizado como um relógio vulgar, sendo apenas ligeiramente mais grosso do que qualquer outro relógio.

Para além disso, é rápido na recepção dos satélites (bem mais rápido do que o meu GPS do carro), fácil de utilizar, enfim, um companheiro inseparável. Tem de ser complementado com o monitor de frequência cardíaca, que pelo menos na Bélgica não é fornecido automaticamente com o Forerunner. Os outros acessórios, nomeadamente o Foot Pod, parecem-me desnecessários dada a fiabilidade do GPS. É certo que a velocidade instantânea não é fiável a 100% (sobretudo a baixas velocidades) e que pode melhorar com um Foot Pod bem calibrado. Mas francamente a velocidade média (por circuito) parece-me bem mais interessante como informação. E essa é perfeitamente fiável sem necessitar de outros acessórios.

Em suma, já nem imagino conceber um programa de preparação para a Maratona sem o meu Forerunner e nem quero pensar em ter de correr uma maratona sem ele!

Acham que estou mesmo viciado?

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

N° 2406

Um post curto, só para referir que já tenho número para a Maratona de Roma: é o 2406.
Podem preparar os cartazes de apoio :-), já só faltam 38 dias!

Igualdade de oportunidades



É bom não esquecer que, na corrida da vida, nem todos partem com as mesmas chances. Os homens não são todos iguais e entre homens e mulheres a igualdade não passa ainda de um objectivo... longínquo!
Aqui fica, antes do 8 de Março porque não gosto muito de celebrações rituais, este poster da Confederação Europeia dos Sindicatos.

O poster pretende recodar e combater uma triste realidade: na União Europeia, em média, as mulheres ganham menos 17% do que os homens por cada hora de trabalho. Neste aspecto, pelo menos, Portugal não está nada mal, a diferença média de salários entre homens e mulheres é inferior à média europeia, situando-se abaixo dos 10%. Para quem estiver interessado, há uma comunicação da Comissão Europeia sobre o assunto, que data de Julho de 2007.

Esta injustiça está longe do fim, as estatísticas mostram que, ao ritmo actual, seriam necessários mais de 100 anos para que os salários de homens e mulheres fossem iguais. É, pois, necessário pôr termo a esta situção escandalosa!

O cartaz da CES foi desenhado por um artista belga de muito talento: Pierre Kroll. Para quem se interessa por política (e essencialmente para quem acompanha o imbróglio institucional belga), os desenhos do Pierre Kroll no diário Le Soir são de morrer a rir!
Aqui fica um para aguçar o apetite.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Balança, para que te quero?!



Segundo os últimos dados referentes à União Europeia, 40% dos adultos têm excesso de peso e cerca de 10% podem mesmo ser considerados obesos.

Muitas das pessoas com excesso de peso já tentaram todas as dietas possíveis e imaginárias, sem sucesso. Algumas acabarão provavelmente por tentar perder alguns dos quilos a mais através da corrida. A ideia é boa, mas a decepção pode estar à espreita, depois de um eventual entusiasmo inicial. Com efeito, depois de uma boa corrida, a balança acusará algumas centenas de gramas a menos, mas essa perda não dura: no dia seguinte o peso voltará ao normal. Os gramas a menos na balança são essencialmente constituídos por glicogénio, cuja reserva será integralmente reconstituída na refeição seguinte.

A única perda de peso duradoura é a perda de gordura, mas esse é um processo extremamente lento. Assim, só para dar uma ideia: uma hora de corrida representa uma despesa calórica mais ou menos equivalente a um Big Mac, dependendo evidentemente do peso do atleta e da velocidade da corrida.

Perder peso através da corrida é possível, é até garantido a longo prazo, mas exige paciência e perseverança. Correndo todos os dias (ou frequentemente) põe-se em marcha uma série de mecanismos que participam na perda de peso e cujo efeito se adiciona às calorias queimadas durante o exercício: o organismo secreta mais hormonas, que elevam o metabolismo, assim consumindo mais energia, mesmo durante o descanso.

Em resumo, não basta dar umas corridas para perder peso, é necessário fazê-lo com regularidade.

Nestas coisas, não há soluções milagrosas e pode até simplificar-se a questão dizendo que para emagrecer basta que as calorias consumidas excedam as calorias ingeridas. Isto é obviamente verdade, com a ressalva de que só a longo prazo se medirão efectivamente os efeitos. Sabia, por exemplo, que para se engordar 500g num ano basta ingerir por dia 15 calorias a mais do que o necessário, ou seja, o equivalente a um pacote de açúcar?. Obviamente, o exemplo também éválido ao contrário: um balanço negativo de 15 calorias por dia resultará em 500g a menos no próximo Réveillon.

Aqui ficam ainda algumas dicas para aumentar as possibilidades de perder os quilos em excesso:

1. Correr o mais tarde possível depois da refeição: assim haverá menos glicose no sangue e consumir-se-ão, portanto, mais gorduras.

2. De vez em quando, fazer uma corrida em jejum. Aconselha-se no entanto a ter disponível alguns alimentos energéticos para o caso de hipoglicémia.

3. Beber muita água durante todo o dia. Água, não limonadas ou outras bebidas desse généro! A água é óptima para a recuperação e aumenta ligeiramente o metabolismo.

4. Limitar ou reduzir inteiramente os produtos industriais de sabor doce. Se necessário, optar antes por uma peça de fruta.

5. Comer moderada e lentamente. A sensação de saciedade demora mais ou menos 20 minutos a instalar-se.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Mais um dia, mais um treino...


Treino dominical: uma série de 10 acelerações em subida, seguidas de trote lento para baixo. Uma primeira série de 10 acelerações, seguida por uma série de 8.

Boas sensações, apesar do frio.

A contagem decrescente para Roma está a acelerar, o dia 22 de Março 2009 está quase a chegar, faltam apenas 41 dias!

A preparação decorre ao ritmo previsto, oxalá assim continue!

Música


É possível correr sem música?
Para mim, corrida e iPod são inseparáveis... sobretudo nos treinos. Deixei de utilizar o iPod durante as provas: embora a música ajude a concentrar-me na corrida, sinto que perco muito do ambiente e provavelmente também das minhas sensações, boas ou más.

Mas não me passa pela cabeça fazer um treino sem música!

Por isso deixo aqui ficar uma sugestão para os que como eu associam música e corrida: acabou de ser editado uma compilação dedicada à Maria Callas: "The Complete Studio Recordings", da EMI. São 70 CDs por cerca de 30 euros, ou seja, 48 cêntimos por disco! A este preço, não há razão para descarregar música ilegal!

A compilação contém jóias como "La Tosca" de 1953, "Il Trvatore" de 1956, a "Norma", "Manon Lescaut", etc.

Mesmo descontando as inevitáveis duplicações com os discos já existentes na minha discoteca, ainda se trata de um preço imbatível!

Só lamento que esta febre das compilações a extremamente baixo preço (recordo e aconselho igualemnte a compilação dedicada ao pianista Georges Czifra, por exemplo) ainda não tenha chegado ao jazz. Imaginem todas as gravações do Thelonious Monk ou do John Coltrane a 50 cêntimos por CD. Dava para fazer belas integrais...

Agora já sabe qual vai ser a minha compra na póxima ida à Fnac! Esperam-me muitas horas de digitalização...

O meu treino de ontem

Falar de corrida não pode deixar de ser falar dos treinos (5 por semana, no meu caso). Ontem foi dia de treino longo (2h24m), na floresta de Soignes, nos arredores de Bruxelas.

A parte do "Arboretum", próximo de Tervuren, é especialmente agradável para correr, dado que se trata de uma espécie de jardim botânico, com árvores vindas de diferentes origens. A floresta é cortada por vários caminhos de terra batida, todos em perfeito estado, em que joggers, ciclistas, cavaleiros e peões coexistem sem grandes problemas. Apesar da reputação de "plat pays", o percurso é bastante acidentado, sendo as partes planas a excepção e não a regra.

O tempo ontem estava finalmente agradável (+/- 8°C), depois de um inverno bastante frio que obrigou a correr equipado como se fosse esquiar para os Alpes...

Deixo o percurso em Google Earth, para fazer inveja aos que têm de treinar em plena cidade!

Correr permite viver mais tempo?

Intuitivamente, somos levados a responder não. Na lista de anciãos da humanidade, não se têm visto muitos maratonistas...

A maior parte das pessoas ligará mais facilmente a longevidade ao regime alimentar, por exemplo, do que à actividade física, nomeadamente à corrida.

No entanto, eis alguns elementos que nos poderão dar que pensar:
1. Desde 1984, uma equipa de investigadores da Universidade de Stanford, na Califórnia, segue um grupo de 538 praticantes da corrida, com mais de 50 anos, e outro grupo de sedentários de 420 pessoas, da mesma faixa etária. Em 1984, os atletas corriam em média 4 horas por semana. Em 2005, apenas 76 minutos. Algumas conclusões do estudo: 15% dos praticantes de jogging faleceram desde 1984, comparativamente com 34% dos sedentários. Outra diferença significativa: o grupo de praticantes da corrida começa a sentir os efeitos negativos da velhice e os seus problemas, em média, 16 anos mais tarde do que o grupo dos sedentários.

2. Outro estudo, desta vez em França, conduzido num período de 20 anos, revelava que os homens inactivos cuja frequência cardíaca aumentava lentamente (+ 7 batidelas por minuto) tinham um risco superior (+47%) de sucumbir a um ACV. Em contrapartida, os que conseguiam baixar a frequência cardíaca, atravées de exercício físico, reduziam o risco de ACV em 18%.

Em conclusão por agora: a prática regular da corrida parece efectivamente reduzir a mortalidade precoce, nomeadamente por ACV. No entanto, não é uma garantia para chegar a centenário.

Mas algo parece indesmentível: se a longevidade não é garantida pela prática da corrida, a qualidade da vida é de longe superior para os indivíduos que continuma a correr regularmente do que para os atletas de sofá. Os sintomas da velhice aparecem mais tarde, todos os estudos o confirmam. Ora a vida não é só uma questão de longevidade: a qualidade é pelo menos tão importante, se não mais importante.

O desporto talvez não permita (sempre) acrescentar anos à vida, mas permite sempre acrescentar vida aos anos.

A inspiração para este post veio da leitura da excelente revista francófona Zatopek, que aconselho vivamente aos conhecedores da língua de Voltaire.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Correr para quê, correr porquê?

Tenho perfeita consciência de que treinar 5 vezes por semana com o objectivo de sofrer durante 42km duas ou três vezes por ano possa ser visto como incompreensível ou até masoquista pela maior parte das pessoas.

No meu caso, corro por um motivo principal: porque gosto! Das conversas com outros apaixonados, tenho a ideia que esse é de longe o motivo dos milhares que palmilham as estradas e caminhos por essa Europa fora. Como diz o Fernando Andrade (primeiro subscritor deste blog, um abraço, Fernando!), "não corro nada de jeito, mas gosto disto, pronto...".

Sem querer portanto justificar-me ou dar lições a ninguém, tentarei nos próximos dias desenvolver algumas das boas razões para correr. Para tentar cativar a atenção de algumas leitoras ;-), começarei por explicar que correr é a única forma infalível para perder quilos de forma duradoura e sustentável..."comme ils disent".

Mas veremos igualmente o contributo da corrida para a saúde e para a qualidade de vida de forma mais global.

Espero que isso possa encorajar alguns a perseverar e muitos a começar a correr com regularidade.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Pensamentos de um maratonista

Em que é que se pensa durante os 42km de uma maratona?

Na realidade, não existe "uma" maratona. A maratona é uma sequência de várias corridas, cada qual com as suas características próprias.

A partida é um momento de excitação e de alegria. Geralmente, milhares de pessoas assistem, a animação é muita e o prazer de estar presente é o sentimento dominante, juntamente com alguma apreensão pelo que vem a seguir. Conversar com outros participantes poderia ajudar a eliminar o stress, mas geralmente cada qual está concentrado na sua corrida, não é a melhor altura para confraternizações.

Vêm depois os primeiros quilómetros, em que o principal desafio é não ser atropelado nem atropelar. Nas grandes maratonas, o risco não é inexistente... Não há tempo para grandes pensamentos...

Quando as águas assentam e até mais ou menos os 20km, a euforia é o sentimento dominante. Nessa altura, parece que tudo é possível. E o desafio é resistir à tentação de acelerar mais do que o razoável. É a melhor fase da corrida, aquela em que mais se desfruta da presença ali naquele momento e que justifica os sacrifícios de meses de treinos. O público, as belas formas da atleta que vai à frente, a banda de música rock, de tudo se desfruta!

Entre os 20km e os 30 e tais km, as dificuldades começam. O tempo começa a parecer longo, a passada deixa de ser tão fácil. A mente está concentrada num único objectivo: aguentar o ritmo. Nesta fase, o público, a animação ou a paisagem já pouco impacto têm.

A verdadeira corrida começa a partir dos 35km. É aí que se perdem muitos minutos quando se quis irreflectidamente ganhar alguns segundos na primeira parte. É também aí que muitas vezes se sente a famosa quebra, o muro intransponível, em que as pernas pura e simplesmente recusam continuar a avançar. Uma só ideia na mente: não desistir, não desistir, não desistir...

Pouco a pouco, algumas forças regressam e a meta aproxima-se. Mas os últimos quilómetros são infindáveis.

E depois é o cortar da meta, a felicidade do objectivo alcançado. Qualquer que seja o tempo, chegar é sempre uma vitória. E começa-se a pensar na próxima, em que vamos finalmente atingir a tal marca das 3 horas....

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

O desporto espanhol


O ano de 2008 foi fabuloso para o desporto espanhol, o ano de 2009 começa bem com a vitória de Rafael Nadal no Torneio de Ténis australiano.

Um tal sucesso desportivo deixa algum sabor amargo, dada a falta de empenho das autoridades espanholas na luta contra o doping. Lembram-se do escândalo Puerto? Segundo a imprensa, na altura, mais de meia centena de atletas estariam envolvidos, muitos deles espanhóis. Do que se sabe hoje, apenas alguns ciclistas (nenhum deles espanhol) foram apanhados na rede Puerto (nomedadamente Jan Ulrich, Ivan Basso).

Numa entrevista recente, Cristina Perez, mulher do dr. Fuentes, principal implicado no escândalo Puerto, fez declarações espantosas (ou talvez não). Declarou numa entrevista ao jornal "La Provincia" ser uma caixa de Pandora que, se um dia se abre, faria cair o desporto (Soy una caja de Pandora que, como me abra un día, el deporte se cae abajo, pero por respeto a mis compañeros, a la gente que se está sacrificando, me mantengo callada, aunque yo hablaría para hundir a todos los que están metidos en este mundillo, desde el Consejo Superior de Deportes al organismo más pequeño). A entrevista está disponível aqui.

O doping não é um problema unicamente espanhol, mas as vitórias desportivas espanholas seriam mais credíveis sem esta desagradável sensação de impunidade.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Adivinha

Mais do que ser primeiro
Heroi é quem
Sabe dar-se inteiro
E dentro de si mesmo ir mais além.


De quem é que fala Manuel Alegre neste poema?
Do mesmo que declarou depois de uma vitória histórica para o atletismo português:
"Se foi dura a Maratona? Não, foram os 42 Km do costume".
Ou, mais siginificativamente, porque é mais difícil ter classe depois de uma derrota, que disse, depois de ter ficado (apenas) em 2° lugar num Campeonato do Mundo de corta-mato:
"Não tenho de queixar-me e seria incapz de arranjar desculpas parvas. Não ganhei porque o Etíope me passou mesmo, mesmo, sobre a meta e ponto final".
É o mesmo que teria escandalizado todos os treinadores e nutricionistas do mundo. Querem saber o que foi o seu almoço no dia de uma prova importante (que acabou por vencer magistralmente)? "O trivial, bife com batatas fritas, vinho tinto do Dão, café à sobremesa".
Pois então!

Batoteiros

Batoteiros no desporto, há pelo menos tantos como na política ou na religião (não há motivo para apenas bater nos políticos).
A forma mais corrente de batota é obviamente o doping, presente no desporto desde sempre, mas que atinge hoje em dia um nível de sofisticação (e de perigosidade para os atletas) nunca antes visto.
No entanto, há também batoteiros mais tradicionais. Assim, na última maratona de Paris, alguns participantes foram encontrados no metro, fazendo parte do percurso comodamente sentados e aparecendo na última parte do percurso, frescos que nem uma alface. Basta ver a longa lista de desqualificados, disponível aqui. Todos eles aparecem registados em alguns pontos de controlo(no princípio e no fim da corrida), mas não em certos pontos intermédios. Com a publicação imediata dos resultados e a fotografia à chegada, o truque pode ser eficaz: os amigos e a família não irão alguns dias depois verificar a lista de desqualificados, para confirmar.

Recentemente, um novo caso foi desmascarado, em que o "atleta" pura e simplesmente corria parte do percurso em VTT. Mais eficaz do que o metro porque assim o "chip" é efectivamente registado em todos os pontos de controlo. Neste caso, for a persistência de outro atleta surpreendido pela performance que permitiu descobrir a coisa. E tal passou pela visualização das imagens vídeos de todos os pontos de controlo, disponíveis na internet.

O mais incompreensível nestes casos é que não se trata de atletas de elite, não existem mihões de euros em jogo. Muitas vezes, a mentira apenas lhes serve para impressionar a família e os amigos...

Voltaremos ao tema dentro em breve.

Próximo objectivo

Para mim, a motivação para os treinos passa por ter sempre uma competção em vista, de preferência com um objectivo em termos de cronómetro.

Actualmente, estou em plena preparação da Maratona de Roma (http://www.maratonadiroma.it/), na base de um plano de preparação de 14 semanas adaptado a partir de várias fontes. A maratona terá lugar no dia 22 de Março, o que significa que estou já na segunda parte do programa de preparção.

O principal objectivo consiste em melhorar o meu record pessoal de 3h15:40, na última maratona em Amsterdão (http://evenementen.uitslagen.nl/2008/amsterdammarathon/index-en.html). Para o vídeo da minha chegada, clique aqui e tente descobrir-me no meio dos gigantes nórdicos.

Toda a gente sabe que uma maratona é uma prova muito exigente, muita coisa pode acontecer durante os 42 km. Basta um mínusculo grão de areia para emperrar o mecanismo (bolha nos pés, unha negra, cãibras, desarranjo intestinal, sei lá mai o quê...). Se tudo correr bem (trata-se de um enorme "se"...) penso poder fazer um tempo inferior a 3h10m. Em condições ideais, poderei aproximar-me ainda mais das 3h. No entanto, não vale a pena ter demasiads expectativas, o percurso da maratona de Roma não é o ideal para estabelecer as melhores marcas pessoais...


Partirei portanto com o objectivo de acabar a maratona em menos de 3h15m, ficaria extremamente satisfeito se conseguisse um tempo final abaixo das 3h10m. Aceitam-se apostas...